segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A lenda da tomada de Faro aos Mouros

Faro é hoje a capital do Algarve. No tempo em que os sarracenos dominavam nesta província, era Faro de pouca importância, comparada com Silves ou Tavira.

 D. Afonso III tomou o castelo de Faro em 23 de Fevereiro de 1249.
  Um cronista antigo, referindo-se a este sucesso, diz o seguinte:
 
 «
Puzeram Dom Afonso e o Mestre da Ordem o arraial sobre Farão e repartiram seus combates desta maneira: o combate de El-Rei Dom Afonso foi no castelo e um lanço da vila até uma porta que ora chamam das freiras e o combate do Mestre deste lanço até à porta da vila, e mandou El-Rei um rico homem, que havia nome Dom Pero Asquerenho, com outro lanço do muro até uma torre que depois chamaram de João de Boim, e este João de Boim tinha outro lanço da torre até ao combate do alcacere de El-Rei; afora estas capitanias eram aí outros com ele.

Convém saber: Dom Fernão Lopes, prior do hospital e o Mestre de Aviz e o chanceler-mór Dom João Soares e Egas Lourenço; e por esta guiza tinha El-Rei combatido a vila mui fortemente de dia e de noite e mui poucas vezes lhe davam lugar e tomou-lhe El-Rei o mar com a frota e atravessou-lhe no caminho do rio navios grossos mui bem armados e ancorados da parte de fora excontra o mar porque se algumas galés de mouros viessem que lhe não pudessem fazer nojo e lhe fosse embargada a parte do rio e assim ficou o lugar todo cercado ao redôr».
Em virtude deste bloqueio reconheceram os mouros que lhes era impossível o socorro por mar e por isso resolveram fazer avença com El-Rei, obrigando-se este a respeitar-lhes as casas, as vinhas, as herdades e bem assim a defendê-los dos seus inimigos tanto estrangeiros como mouros, e obrigando-se aqueles a pagar ao rei o mesmo fôro que em todas as coisas pagavam ao Miramolim de Marrocos.
 
É assim que a história nos relata a tomada de Faro.
A lenda, porém, encarrega-se de criar um novo elemento que principalmente contribuiu para o feliz êxito do nosso monarca.

Diz a lenda:

Parte das forças que atacaram o castelo de Faro fôra colocada no largo actualmente chamado de S. Francisco, e estas forças eram comandadas por um brioso oficial, robusto e formoso rapaz, solteiro. Este oficial pôde ver em certa ocasião a formosa e gentil filha do governador mouro e dela ficou enamorado. A presença agradável e o aspecto belicoso do nosso oficial não passaram despercebidos à moura, e esta, em breve tempo, estava em relações amorosas com o valente oficial, por intermédio de um seu escravo, também mouro, e que conhecia perfeitamente as línguas portuguesa e sarracena.
Em certo dia conseguiu o oficial que a sua namorada o recebesse em curto rendez-vous dentro do castelo, combinando-se que o mouro intermediário lhe abrisse, alta noite, a porta, hoje da Senhora do Repouso.
Antes da noite dirigiu-se o oficial a algum dos seus camaradas e disse-lhes:
 
 — Espero entrar esta noite dentro do castelo pela porta do nascente. Se não voltar, depois de pequena demora, é porque caí num laço bem urdido; e então peço-lhes que se o castelo for tomado e lhes venha às mãos a filha do governador a poupem e a não maltratem.
Certamente ela não contribuiria para tal traição.
 
 Prometeram-lhes os camaradas cumprir as suas ordens, depois que reconheceram a impossibilidade de o demover da sua empresa. 

 À hora marcada entrou o oficial no castelo e aí em doce colóquio se entreteve com a dama dos seus encantos.

(…)

VER MAIS:

Lendariuum - A Moura de Faro

(145-156)
-, FARO, FARO [Inseguro/ N empenhado] [Registo escrito Científico]
Faro é hoje a capital do Algarve. No tempo em que os sarracenos dominavam nesta província, era Faro de pouca importância, comparada com Silves ou Tavira.
 D. Afonso III ...

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